Com a participação de mais de 40 pessoas, no passado 09 de
abril teve lugar a terceira versão do Cine-Foro itinerante Colômbia em marcha. Este
evento enquadra-se na mobilização nacional que tem lugar por uma Colômbia onde
a paz seja com justiça social, democrática e onde se defenda o público. Além
disso, comemoraram-se os 65 anos do assassinato do líder popular Jorge Eliecer
Gaitán.
Esta atividade
foi realizada de maneira conjunta com o Centro Académico de Serviço Social José Paulo Netto CASS JPN da Universidade
Federal do Rio de Janeiro UFRJ. A partir da apresentação do filme documentário “Baile
Vermelho” Sergio Quintero (membro da Marcha Patriótica) fez uma contextualização
sociopolítica do país no decorrer das décadas dos oitentas e noventas do século
passado e das primeiras décadas do presente século, para destacar os avanços e
o auge do movimento social e popular na Colômbia, assim como a importância que
tem os atuais diálogos de paz entre o governo e as FARC-EP. O país precisa do acompanhamento internacional
para lograr proteger o processo, assim como para exigir às partes chegar a
acordos, que se amplie a participação das organizações sociais e populares e
que tenha lugar um cesse bilateral ao fogo. A contextualização realizada pelo
integrante da Marcha Patriótica provocou reflexões e perguntas do público
colombo-brasileiro que esteve presente, particularmente sobre a possibilidade
real de uma transformação nacional a partir dos diálogos e da continuidade da
luta de classes num marco democrático, como o que começa a se construir com o
acordo de paz.
Participou
também o professor Elidio A. Borges (experto em direitos humanos e relações internacionais),
quem destacou alguns elementos de análise sobre a realidade colombiana enquanto
laboratório da prática violenta do capital. A Colômbia tem importância geopolítica
para América Latina e apresenta o maior número de denuncias por violação dos
direitos humanos por parte do Estado na região. O intento de extermínio da União
Patriótica é segundo o professor um genocídio, um crime contra a humanidade. Referiu-se
aos meios de comunicação e a manipulação devidos aos interesses dos grupos de
poder que os controlam e destacou a importância por continuar lutando pelos
direitos humanos. Sobre o processo de violência
massiva (como o que aconteceu contra a União Patriótica e contra outros
movimentos e organizações de esquerda na Colômbia), são expressões também de resistências
vivas, importantes de manter pressentes na memoria, para se apropriar o passado
e projetar um novo futuro. Tratando-se de violência se precisa diferenciar
aquela que é de Estado e aquela dos setores da sociedade que tem sofrido
historicamente opressão, não aceitar o regime político como algo natural ou
normal e pelo tanto acreditar na necessidade de construir uma nova sociedade,
onde os insurgentes armados, sem deixar de ser insurgentes abandonem as armas e
se juntem a outros setores para constroir a paz. Para finalizar assinalou o
importante que é a verdade pois, “não se pode fazer uma paz sobres a base do
esquecimento”.
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