4/22/2014

Sozinhos não podemos, sozinhos não queremos

Rueda_de_prensa_2.jpgPor: Junta Patriótica Nacional










Atualmente, a maioria do povo colombiano está indignado pelos abusos generalizados dos setores dominantes contra as mulheres, a comunidade LGBTI, defensores de animais, jovens, trabalhadores, afro-colombianos, indígenas, camponeses, educadores, ou seja, toda essa violência contra todas as pessoas que não concordamos com o governo. A o mês passado vivemos a indignação diante dessa classe política em todo o país: foi realizada a Cúpula Agrária, Étnica e Camponesa durante os dias 15, 16 e 17; no dia 18 de março foi confirmada a já ilegítima e ilegal destituição de Gustavo Petro, prefeito da cidade de Bogotá; o despejo violento contra a população deslocada (refugiada interna) na cidade de Buenaventura; o protesto dos transportadores realizado nos dia 19 e 20 de março na cidade de Cali deixou uma pessoa morta. Toda essa indignação é provocada pelo abuso do mesmo poder econômico e político.  

Em todos esses casos a resposta foi o uso da força repressiva do Estado. No caso do movimento agrário, este não reconhecido em suas reivindicações, é estigmatizado e ameaçado, enquanto que o governo nacional não atende, nem soluciona as demandas e problemas colocados na mesa de diálogos instalada durante a primeira paralisação agrária realizada em 2013. Já o prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, ao tentar implementar um esquema alternativo para a colheita do lixo nessa cidade foi atacado em conjunto pelo Procurador, as altas cortes, o presidente Santos, o partido Centro Democrático (de Uribe Velez), os partidos da coalisão de governo (a chamada Unidade Nacional). Todo esse setor da direita colombiana fez uso de seu poder para atrapalhar a gestão de governo até o ponto de manobrar juridicamente para cassar o mandato desse prefeito, assim como de impedi-lo de exercer cargos públicos por mais de dez anos. Por sua vez, os deslocados pela violência (refugiados internos) também foram brutalmente reprimidos em um assentamento na cidade de Barrancabermeja, quando reclamaram ao Estado pelo incumprimento por parte deste das promessas feitas na Lei de Vítimas e Restituição de Terras. Enfim, os transportadores da cidade de Cali (sudoeste) foram violentamente reprimidos quando protestavam contra a entrada em funcionamento do sistema de transporte conhecido como MIO sem qualquer tipo de diálogo ou conciliação, o que afeta diretamente a renda econômica de pelo menos seis mil famílias.

O abuso, a repressão e criminalização são generalizados. Em todos esses casos, são violados os direitos humanos desses setores sociais. Por isso é preciso reconhecer, tecer e construir uma pauta comum que consiga nos unir, nos aproximar para alcançar nossos objetivos. A prioridade é mudar esse estado de coisas; não será fácil, mas se todos empurrarmos juntos, se todos confluímos nesse objetivo, será possível. O movimento agrário e popular que participa na Cúpula Agrária, Camponesa, Étnica e Popular já deu o primeiro passo. É necessário construir pontes entre os outros setores violentados para juntos construirmos uma paz verdadeira, com justiça social, soberania e democracia.

A unidade é uma premissa política comum nos discursos dos setores democráticos e de esquerda. Não há qualquer plataforma política que não considere a unidade como sendo uma aposta, uma necessidade. A unidade é um princípio que pode nos levar ao poder e a ser governo das maiorias excluídas, criminalizadas e empobrecidas.
Apesar de estar presente em todos os discursos das organizações do setor popular e de esquerda, a unidade tem sido esquiva. Ao longo da história já vimos distintos momentos em houve tentativas de aproximação e articulação. Não podemos negar que existiram importantes experiências, porém nenhuma delas foi suficientemente eficaz para derrocar às classes instaladas nas cadeiras dos libertadores Bolívar e Nariño.  
São muitas as razoes que não tem permitido concretizar a unidade. O sectarismo, dogmatismo, a cooptação, infiltração, o desconhecimento e a inabilidade política fundada nos egoísmos e vaidades, tem sido práticas que obstaculizaram atingir esse objetivo. Muitos desses comportamentos tem provocado feridas que alimentam a desconfiança e, consequentemente, evidenciam a desunião. Dores e feridas que somente poderíamos superar na medida em que pensemos na Unidade como um imperativo ético e histórico.

Justamente estamos vivendo um momento em que a crise do regime de dominação é a cada dia mais visível. Os dominantes vem fazendo uso, como nunca antes, de todo tipo de ferramentas psicológicas, judiciais e físicas para manter o statu quo. Criminalizam, estigmatizam, processam, encarceram, destituem, assassinam e reprimem. Apesar disso ou quiçá por isso, os movimentos sociais e populares tem mostrado a eficácia da mobilização, conseguem desvelar o regime corroído pela profunda crise e até mesmo logram conter políticas que procuram reforçar o atual regime. Hoje devemos juntar nosso descontentamento, estar ao nível ético e histórico que exige o momento atual. Nesse sentido, propomos Unidade, organização e mobilização na procura de uma Assembleia Nacional Constituinte para a paz e a verdadeira democracia.

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