Em 11 de maio, no Aterro de Flamengo (Rio de Janeiro), realizou-se o primeiro jogo de futebol pela paz na Colômbia. O encontro chamado de "Pomba da Paz" foi uma iniciativa liderada pela Rádio Rua, a Marcha Patriotica Capítulo Brasil e a Rumba Tipo Colômbia.
Várias equipes, de múltiplas nacionalidades, algumas com experiência como time e outras constituídas para a pelada, estiveram no local conhecendo um pouco mais sobre a proposta do Fórum pela paz na Colômbia, que será realizado na cidade de Porto Alegre, nos dias 24, 25 e 26 de maio próximos.
Além da participação dos jogadores e jogadoras no campo, houve música, churrasco democrático, baile e muitas boas ideias sobre como constribuir para a paz na Colômbia. Assim, com tradicionais formas de passar o tempo livre, a gente conseguiu se reunir para discutir novas maneiras de pensar e viver o país.
A maior satisfação deste tipo de encontros é a possibilidade de criar espaços, coletivos e fraternos, para que todas e todos pudessem compartilhar ideias, preocupações, experiências e perspectivas ao redor da discussão sobre o acontecer colombiano, dentro e fora das fronteiras nacionais. Nesse sentido, espera-se poder realizar novos encontros no futuro com o objetivo de integrar mais e mais colombianos e latinoamericanos residentes na cidade de Rio de Janeiro.
As pessoas que ainda não se inscreveram para participar do Fórum pela paz na Colômbia, podem realizar suas inscrições, preenchendo o formulário disponível no seguinte link
Uma das atrações artísticas e culturais do Fórum pela Paz na Colômbia, Pedro Munhoz traz nosangue tanto a arte como a política. De seu pai, operário que militou na juventude comunista e posteriormente nas fileiras do brizolismo, herdou a veia crítica que o fazem um artista muito comprometido com as causas sociais. De sua mãe, afinada e de bom gosto musical, e de seu irmão, artista plástico e teatrólogo, aprendeu a gostar das artes. Com seu tio Jaime conheceu a cultura popular e o circo e para seu avô Zeca, grande incentivador, apresentava suas primeiras peças aos 4 anos de idade.
O menino de Barra do Ribeiro, Rio Grande do Sul, cresceu sem perder o compromisso político e a sensibilidade artística. A letra e melodia de Pedro conquistaram o Brasil recentemente com a música “Canção da Terra”, gravada pelo grupo Teatro Mágico e tema da novela Flor do Caribe. Ele se apresenta em companhia de Cícero do Crato e Zé Pedro Rocha no Show pela Paz na Colômbia, no dia 24 de maio, como parte da programação do Fórum.
Pedro Munhoz gentilmente nos concedeu uma entrevista e ainda gravou um vídeo convidando todos e todas a participarem do Fórum pela Paz na Colômbia, de 24 a 26 de maio em Porto Alegre.
ENTREVISTA:
- Arte e política podem andar juntas? Qual a importância da arte para a política e da política para a arte?
Não tem como dissociá-las. A cultura e a arte refletem a sociedade, sua economia, a política, sua estrutura de meios e modos de produção. Ao artista cabe o seu comprometimento com as verdades desta Sociedade, ainda que muitas vezes seja cooptado, fazendo o jogo do Poder. Forma e Conteúdo são as armas poderosas para dizer a verdade ou para ocultá-la. Nos colocamos na primeira opção.
- Qual a importância de resgatar os cantos, musicalidade, tradições e sabedorias dos rincões do
Brasil e da América Latina?
Penso que a palavra chave é: RESISTÊNCIA. Esta é a mais importante ação. Aos/as que militam no mundo das artes é preciso formação permanente para que a sua linguagem artística seja ferramenta permanente na construção de uma nova Sociedade e veja bem, isto não é um jogo de palavras bonitas que estou fazendo aqui. Não, não. O artista popular engajado numa proposta de luta por tempos melhores, precisa ser politizado, dominar as técnicas do seu fazer artístico, usá-las de maneira convincente, ocupando espaços, promovendo o debate, aprendendo sempre. Daí a importância do resgate dos saberes, da cultura popular, andando pelos mais distantes rincões do Brasil, da América Latina e do Mundo, pois a opressão está em todos os lugares.
- Como você vê a relação entre Brasil e América Latina? Como podemos nos aproximar mais?
O Brasil sempre comportou-se como império para os demais países da América Latina. Este é um legado português mantido até hoje. Se vê isto em muitos Estados do Brasil, um país de costa para o seu Continente, ao mesmo tempo se considerando hegemônico por ser o maior em extensão.
A maneira de diminuir esta distância é de certa forma com os exemplos de países como Equador, Bolívia, Uruguai, Venezuela que propõem uma luta conjunta contra os desmandos e domínios como o que ocorre na Colômbia por parte dos EUA, combatendo o bloqueio contra Cuba, com ações concretas como faz o MST e tantas outras organizações sociais do Brasil.
- Você já foi na Colômbia? O que conhece da situação deste país? Como acredita que os
brasileiros e latino-americanos podem contribuir para a paz neste país irmão?
Não, nunca fui a Colômbia. Conheço um pouco de sua história, sua situação social, conheço Julian Rodriguez, um artista colombiano com quem convivi no Equador quando lá estive em 2010. Conheço muitos lutadores e lutadoras da Colômbia ao redor do mundo, por onde já passei. Oxalá um dia tenha a honra de ir a este país-irmão.
- O que os participantes do Fórum pela Paz na Colômbia podem esperar de sua apresentação no evento?
Penso que podem esperar uma apresentação engajada, comprometida, coerente entre aquilo que vivo e aquilo que canto. Espero que possamos interagir pois o artista popular nada mais é do que um juntador de histórias, suas e de outros, juntador de experiências sintetizadas em canções e devolvidas a quem de direito: O povo, em situações de vida, vividas muitas vezes de forma indevida e injusta. Sou um cantador de histórias reais. Me considero assim.
A Comissão de Comunicações do Fórum pela Paz na Colômbia, que acontece nos dias 24, 25 e 26 de maio na cidade de Porto Alegre (Brasil), convida os meios de comunicação impressos, eletrônicos, de rádio e televisão, assim como diversas revistas, organizações e espaços de difusão acadêmica e política que estejam interessados em participar do evento. No Fórum se reunirão lideranças sociais e políticas de diversos países latino-americanos, assim como do Parlamento Europeu, com o objetivo de apoiar a paz na Colômbia e a integração dos povos.
As atividades do Fórum serão realizadas nas instalações da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, localizada na Praça Marechal Deodoro, 101. Nas instalações da Assembleia estará localizada a Sala de Imprensa, a partir da qual se coordenará a cobertura jornalística do evento, e onde se espera oferecer as condições para o trabalho de difusão. Na inscrição para o evento, existirá um registro especial para os meios de comunicação participantes.
Nos próximos informes da comissão de comunicações se enviará informação sobre as pessoas convidadas e a programação do Fórum. Enquanto isso, vocês podem acompanhar as novidades através do seguinte endereço eletrônico http://forumpelapaznacolombia.blogspot.com.br.
Comissão de Comunicações
Fórum pela Paz na Colômbia
Contatos:
E-mail geral: forumpelapazcolombia@gmail.com
Rio de Janeiro (21) 7673 2880 / seranquilog@hotmail.com
Porto Alegre (51) 8132 7444 / tofeme@gmail.com
No sábado dia 27 de abril, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro UERJ, foi realizado o pré-fórum pela paz na Colômbia com participação e apoio de mais de 30 organizações e o cobertura jornalística do Sindicato de professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Revista Virus Planetario.
Este pré-fórum tinha como objetivo avançar nos debates e propostas para a construção da paz na Colômbia. Uma paz com justiça social, democracia e soberania. A mesa de abertura começou com uma saudação feita pelo cônsul da irmã Republica Bolivariana de Venezuela, Edgar González, que destacou que os dois países são um só povo e que a luta pela segunda e definitiva independência é própria de todos os povos da América Latina.
Juan Pablo Tapiro, integrante da Marcha Patriótica, fez uma contextualização sobre os atuais diálogos de paz, refletindo a partir da história da guerra na Colômbia e das iniciativas de diálogo que tiveram lugar nos últimos 30 anos; ele lembrou do posicionamento do governo da Colômbia e das FARC-EP na abertura da mesa atual de diálogo; destacou a luta pela ampliação da participação ao conjunto geral da sociedade civil (especialmente dos movimentos sociais e populares), e por garantir que a mesa continue até que se consiga um acordo. Esta luta se expressa nas Constituintes pela paz e os Cabildos temáticos impulsionados pela Marcha Patriótica, o Congresso Pela Paz, organizado pelo Congresso dos Povos, o Terceiro Encontro de Zonas de Reserva Campesina, o Fórum Agrário pela Paz de dezembro de 2012, múltiplas mobilizações pela paz e pela defesa dos direitos - especialmente a que aconteceu no dia 9 de Abril pela paz com justiça social, a democracia e a defesa do público, onde se manifestaram mais de um milhão de colombianos e colombianas -, e que serão continuadas com a realização do próximo fórum sobre participação política (maio 28, 29 e 30). Outros aspectos assinalados foram a violação sistemática dos direitos humanos, o papel dos meios de comunicação de massa e por fim, o acompanhamento solidário e o apoio internacional em especial da Europa e da América Latina.
Posteriormente, Sergio Quintero, responsável pela Comissão de Comunicação do Fórum pela Paz e também membro da Marcha Patriótica, apresentou o Fórum pela paz na Colômbia, o qual acontecerá nos dias 24, 25 e 26 de maio na cidade de Porto Alegre, Brasil.
Esta iniciativa da Marcha Patriótica, Capítulo Brasil, acontece com a participação de diversas organizações brasileiras (atualmente cerca de 40). Além disso, existem comités do fórum organizados por na Argentina e na Colômbia e está se tentando construir em outros países da América Latina e na Europa. Sergio lembrou os objetivos do fórum: 1) Solução política na guerra na Colômbia, que passa pela construção de uma paz com justiça social, democracia e soberania; 2) participação direta na mesa de diálogos para o conjunto de movimentos populares e sociais e da sociedade civil em geral; 3) cessar fogo bilateral durante o processo de diálogo; 4) fortalecimento da solidariedade entre os povos de Nossa América. Finalmente convocou a todas as organizações para continuar aprofundando seu conhecimento e solidariedade com as lutas do povo colombiano, contribuindo desde suas experiências de luta e a participando do Fórum e fortalecendo a difusão do mesmo por diversos meios.
Depois da mesa de abertura, se realizaram 3 mesas de trabalho, que estiveram baseadas nos três eixos do fórum: Justiça Social, Democracia e Soberania. Os participantes debateram sobre a realidade colombiana e brasileira, assim como da América Latina, partindo do questionamento sobre qual é o significado de cada um desses elementos para a paz e a construção de propostas para o evento de Porto Alegre.
Por fim, foi realizada uma plenária. Ali foram expostos os pontos destacados e as propostas de cada mesa de trabalho. Também foram respondidas algumas perguntas feitas pelos participantes e se decidiu utilizar as memórias do pre-fórum como instrumento para continuar refletindo, debatendo e realizando propostas para o Fórum. Os documentos serão publicados no blog do fórum forumpelapaznacolombia.blogspot.com.br.
Os pontos mais relevantes das mesas de trabalho, particularmente referidas à terra e aos direitos humanos, estão sendo desenvolvidos atualmente na mesa de diálogos na Havana Cuba. É importante o acompanhamento das iniciativas de participação política das organizações do povo colombiano e sua articulação com as lutas dos povos a favor da unidade latino-americana diante do imperialismo. Precisa-se continuar com o debate no próximo Fórum pela Paz que se realizara na cidade de Porto Alegre, os dias 24, 25 e 26 de maio, concluíram os organizadores e promotores do Pre-fórum.
Ao final da tarde foi feita uma avaliação junto com as organizações do Rio de Janeiro que estão apoiando o fórum. Foi reconhecida a importância da articulação entre diversas forças sociais e políticas ao redor da paz na Colômbia. Assinalou-se o fato de que em pouco tempo, novamente o tema da situação colombiana e a possibilidade de uma solução política dialogada para a guerra esteja na agenda de solidariedade das organizações brasileiras. Por tudo isto e mais, o pré-fórum do Rio de Janeiro foi todo um sucesso.
"O Fórum é muito importante porque o apoio internacional é definitivo não
só para a Colômbia, mas para toda a região, para que o povo entenda que
é preciso conseguir a paz", disse a ativista de direitos humanos e porta-voz do Movimento Marcha Patriótica
*Publicado no site Vermelho. Córdoba: Saída para Colômbia é a integração; sozinhos não podemos
Por Vanessa Silva e Leonardo Wexell Severo, de Caracas
A Colômbia vive um momento histórico de diálogo entre o governo e as Farc. Mobilizada, esta sociedade vive um intenso debate e participação em torno dos Diálogos de Paz. Para a ex-senadora, Piedad Córdoba, em entrevista ao Portal Vermelho, “os colombianos não conseguem encaminhar este processo sozinhos”, daí a importância do apoio de países como Brasil, Cuba, Venezuela e de eventos como o Fórum pela Paz na Colômbia.
Em Caracas, onde participou do processo eleitoral venezuelano, a ativista de direitos humanos e porta-voz do Movimento Marcha Patriótica ressaltou a importância do ex-presidente Hugo Chávez para o início das conversações entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP), o governo e a sociedade colombiana que tiveram início com a instalação dos Diálogos de Paz no país. “Chávez com sua inteligência sabia a importância do fim da guerra na Colômbia para a paz na América Latina. Temos que ter consciência de que sozinhos os colombianos não podemos. Por isso, precisamos do apoio de todos os latino-americanos”.
No início de abril, milhares de colombianos saíram às ruas para expressar apoio aos diálogos de paz instaurados em Havana com o apoio de Cuba, Venezuela, Chile e Noruega. “Conseguimos mobilizar quase um milhão de pessoas: camponeses, indígenas, negros, indígenas, mulheres, estudantes em torno da paz”, conta a ativista pelos direitos humanos.
Portal Vermelho: Qual é a importância que Chávez teve na instalação do processo de paz na Colômbia?
Piedad Córdoba: Muitíssima porque sempre esteve muito interessado na paz. Ele ajudou muito no processo de libertações [de prisioneiros das Farc], sem o qual creio que não estaríamos neste momento começando o que se conhece como a Mesa de Havana. Sua participação permanente, contribuição, colaboração, foram definitivas. Sem isso, não creio que teria sido possível pensar que podemos conseguir a paz.
Milhares de colombianos foram às ruas para respaldar este processo.
Como avalia o atual momento da Colômbia?
É muito importante e a Marcha Patriótica avalia que temos muita força. Muitas pessoas foram mobilizadas. As pessoas estão buscando a paz e não querem o fracasso das negociações da Mesa de Havana. É uma chance tanto para o governo nacional, como para as Farc de avançar para que também se incluam o Exército de Libertação Nacional (ELN) e a sociedade [nos diálogos em Havana].
Será realizado no Brasil, entre os dias 24 e 26 de maio, o Fórum Pela Paz na Colômbia. Como ele poderá contribuir com este processo?
O Fórum é muito importante porque o apoio internacional é definitivo não só para a Colômbia, mas para toda a região, para que o povo entenda que é preciso conseguir a paz. A paz da Colômbia é a paz da região também, e nós temos uma ameaça muito grande pelo que significa a incidência dos Estados Unidos na Colômbia. Então creio que do ponto de vista ético e humanitário, a Colômbia está passando por um momento histórico muito complicado e muito grave. Nessa medida, a comunidade internacional tem pressionado para que isso [o conflito] realmente acabe. Diante do marco deste processo, vamos gerar imaginários a favor da paz na América Latina e na própria Colômbia.
Como se comportam os grandes meios de comunicação diante dos processos de paz?
Eles agem como agem sempre. São porta-vozes do poder estabelecido, que resiste a dar espaço à participação política, à mudança do número da pobreza e miséria institucional, a dar margem para outras alternativas. Resumindo, ela tem um péssimo papel de isolamento, macartização [mudança nas leis dos Estados Unidos para a perseguição de comunistas, progressistas, esquerdistas] e acusações que contribuem muito pouco para que as pessoas se informem de verdade e livremente sobre o país.
Acompanhe o especial do Portal Vermelho sobre os Diálogos de Paz na Colômbia