5/05/2013

ENTREVISTA COM PEDRO MUNHOZ, QUE SE APRESENTA NO SHOW PELA PAZ NA COLÔMBIA

Uma das atrações artísticas e culturais do Fórum pela Paz na Colômbia, Pedro Munhoz traz no sangue tanto a arte como a política. De seu pai, operário que militou na juventude comunista e posteriormente nas fileiras do brizolismo, herdou a veia crítica que o fazem um artista muito comprometido com as causas sociais. De sua mãe, afinada e de bom gosto musical, e de seu irmão, artista plástico e teatrólogo, aprendeu a gostar das artes. Com seu tio Jaime conheceu a cultura popular e o circo e para seu avô Zeca, grande incentivador, apresentava suas primeiras peças aos 4 anos de idade.

O menino de Barra do Ribeiro, Rio Grande do Sul, cresceu sem perder o compromisso político e a sensibilidade artística. A letra e melodia de Pedro conquistaram o Brasil recentemente com a música “Canção da Terra”, gravada pelo grupo Teatro Mágico e tema da novela Flor do Caribe. Ele se apresenta em companhia de Cícero do Crato e Zé Pedro Rocha no Show pela Paz na Colômbia, no dia 24 de maio, como parte da programação do Fórum.

Pedro Munhoz gentilmente nos concedeu uma entrevista e ainda gravou um vídeo convidando todos e todas a participarem do Fórum pela Paz na Colômbia, de 24 a 26 de maio em Porto Alegre.


ENTREVISTA:

- Arte e política podem andar juntas? Qual a importância da arte para a política e da política para a arte?
Não tem como dissociá-las. A cultura e a arte refletem a sociedade, sua economia, a política, sua estrutura de meios e modos de produção. Ao artista cabe o seu comprometimento com as verdades desta Sociedade, ainda que muitas vezes seja cooptado, fazendo o jogo do Poder. Forma e Conteúdo são as armas poderosas para dizer a verdade ou para ocultá-la. Nos colocamos na primeira opção.

- Qual a importância de resgatar os cantos, musicalidade, tradições e sabedorias dos rincões do
Brasil e da América Latina?
Penso que a palavra chave é: RESISTÊNCIA. Esta é a mais importante ação. Aos/as que militam no mundo das artes é preciso formação permanente para que a sua linguagem artística seja ferramenta permanente na construção de uma nova Sociedade e veja bem, isto não é um jogo de palavras bonitas que estou fazendo aqui. Não, não. O artista popular engajado numa proposta de luta por tempos melhores, precisa ser politizado, dominar as técnicas do seu fazer artístico, usá-las de maneira convincente, ocupando espaços, promovendo o debate, aprendendo sempre. Daí a importância do resgate dos saberes, da cultura popular, andando pelos mais distantes rincões do Brasil, da América Latina e do Mundo, pois a opressão está em todos os lugares.

- Como você vê a relação entre Brasil e América Latina? Como podemos nos aproximar mais?
O Brasil sempre comportou-se como império para os demais países da América Latina. Este é um legado português mantido até hoje. Se vê isto em muitos Estados do Brasil, um país de costa para o seu Continente, ao mesmo tempo se considerando hegemônico por ser o maior em extensão. A maneira de diminuir esta distância é de certa forma com os exemplos de países como Equador, Bolívia, Uruguai, Venezuela que propõem uma luta conjunta contra os desmandos e domínios como o que ocorre na Colômbia por parte dos EUA, combatendo o bloqueio contra Cuba, com ações concretas como faz o MST e tantas outras organizações sociais do Brasil.

- Você já foi na Colômbia? O que conhece da situação deste país? Como acredita que os
brasileiros e latino-americanos podem contribuir para a paz neste país irmão? 
Não, nunca fui a Colômbia. Conheço um pouco de sua história, sua situação social, conheço Julian Rodriguez, um artista colombiano com quem convivi no Equador quando lá estive em 2010. Conheço muitos lutadores e lutadoras da Colômbia ao redor do mundo, por onde já passei. Oxalá um dia tenha a honra de ir a este país-irmão.

- O que os participantes do Fórum pela Paz na Colômbia podem esperar de sua apresentação no evento? 
Penso que podem esperar uma apresentação engajada, comprometida, coerente entre aquilo que vivo e aquilo que canto. Espero que possamos interagir pois o artista popular nada mais é do que um juntador de histórias, suas e de outros, juntador de experiências sintetizadas em canções e devolvidas a quem de direito: O povo, em situações de vida, vividas muitas vezes de forma indevida e injusta. Sou um cantador de histórias reais. Me considero assim.

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